domingo, 30 de novembro de 2008

Oy vey não é kosher

Na Folha de São Paulo, aos sábados, tem um caderno chamado Vitrine. Gosto de uma única sessão, onde os leitores mandam mensagens perguntando onde podem comprar algo de estranho, e o jornal responde.

Esta semana, por exemplo, o leitor queria saber onde comprar um baralho daqueles antigos com um mico.

Um amigo meu, outro dia, resolveu lavar uma peça do seu vestuário judaico, um talit. Para aqueles que não sabem o que é um talit, aí vai uma explicação beeem leiga: trata-se de um xale, com franjas, que os homens colocam sobre os ombros, durante as rezas. Quem quiser mais detalhes (para quê, qual o significado, etc, consultem o google ou algum judeu de verdade).

Meu amigo descobriu, sem precisar acessar o caderno vitrine da Folha, uma lavanderia que lavava talit.
Ele não sabia se o dono da lavanderia era judeu, ou não, mas sabia que eles tinham o expertise de lavar o talit (talvez em uma mikva - banheira judaica?).

Eis que ele decide levar a tal peça para lavar em um sábado. No caminho, ele pensa: se a lavanderia for judaica e religiosa não vai estar aberta no shabat! xiii. E decide ligar para a lavanderia.
Quando atenderam, e disseram alô, ele virou-se para mim, e soltou a pérola: Oy vey, não são kosher!

domingo, 23 de novembro de 2008

Adaptadores ou desadaptadores?


Adoro viajar, e ver a diversidade, mas se tem algo diverso, que me irrita, são tomadas e adaptadores mundo afora.


Se o Thomas Edson, inventou a eletricidade, e ele era um só, quem será que foram os malas que inventaram que em cada país a tomada deve ser de um tipo?

Na África do Sul, os buracos da tomada são tão grandes, que o adaptador pesa quase 1kg, e cabe até o dedo de um mamute dentro dos buracos!


Na Itália, são 3 buracos, enfileirados, ou seja, nenhum aparelho que você tenha, serve em nada.


Acho que é a máfia dos adaptadores, que te obriga a gastar dinheiro, onde você for, e depois não fazer nada com aquele objeto tão essencial em um momento, e tão inútil no momento seguinte.


Não quero que este blog fique muito escatalógico (como diz uma amiga minha, cedo ou tarde, todas as conversas ficam escatológicas), mas faço questão de incluir a foto da privada do último hotel que me hospedei.

Como será que era a bunda do infeliz que inventou este design de vaso?

Já vi mulheres que são chamadas de pêras, pelo formato do corpo, mas uma bunda desta é inédita para mim.

Isto faz com que ao invés de adaptado, você se sinta desadaptado.

E o pior, é que nem dá para comprar um adaptador de bunda em lojinha nenhuma!






segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Julieta as avessas


O texto abaixo, foi escrito no exato momento em que tudo aconteceu...


Acreditem se quiserem.


Estou ha 20 min presa no elevador do hotel!

Apertei varias vezes o botao de alarme ate um gentil brucutu berrar: CAPITO!!! E algo mais em italiano que deve significar: ja estamos consertando ou talvez: se prepara que você vai ficar ai mais 7 horas ou se fudeu! (To achando que e o mais provavel)


Agora entendi porque Julieta ficava na sacada, para não pegar o elevador nesta cidade onde eles não funcionam!


Agora estou esperando consertarem, ouvindo um monte de vozes enquanto espero aqui!


Ainda bem que não tem camera assim posso ficar fazendo caretas no espelho.


Putz agora tao batendo no teto, acho que vou ser retirada por cima!


Esta e uma aventura que eu prefiria passar pelo menos com o estomago cheio e se não tivesse um dia lindo la fora



Post escritum:

Fiquei no total 35 minutos presa no elevador.


Quando saí, perguntei para a mulher: dove desayuno? (com meu tipico mistureba de italiano, com espanhol, com cara de pau total).


E a mulher: acabou o horario do cafe da manha.


E eu, com um jeitinho bem polido, num portugues alto, e com gestos à italiana:


- Que acabou nada, eu estou há 35 minutos presa neste catzo de elevador, e quero meu café da manhã agora! Nada como ser poliglota nos xingamentos!


e a mulher: ah, e a senhorina do elevador!


Funcionou! Brigar em italiano é super eficiente, e o café foi servido de imediato.


Claro que na hora de fazer o check out, o elevador ainda não estava funcionando e tive que descer com a bagagem, de escada, desde o quarto andar!




sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Quando eu crescer...

(Hoje o texto, a milanesa, sera sem acentos, lamento!)

Quem me conhece bem, sabe que mudar de ideia, nao e muito o meu forte.
Determinada e um bom eufemismo para teimosa feito uma porta que eu sou...

Mas mudei de ideia.

Quando a gente e crianca, todo mundo pergunta o que a gente quer ser quando a gente crescer.
Tenho uma amiga que memoravelmente, deixou registrado em fita cassete, que queria ser engenheira, mas mudou de ideia a tempo...

Um ex affair queria ser bombeiro, poderia ter sido, afinal era habilidoso com a magueira para apagar o fogo...

Depois que a gente cresce, vem a epoca do vestibular, e novamente todo mundo nos pergunta o que vamos ser quando crescer. Bem nesta epoca, em que nao temos a menor ideia, nem do que vestir no dia seguinte!
Na idade que estou, me deparo com varios amigos com grandes duvidas vocacionais. Minha sugestao e: nao deixem para depois, mudem enquanto e tempo. Lembrem-se que ainda vamos trabalhar uns 25 anos, por isto, seria bom fazermos algo que gostamos, enquanto e tempo.

Ninguem pergunta para nos, o que queremos ser quando ficarmos velhos. Ate parece que os velhinhos nao tem opcao!

E claro que eles tem. Tem uns que escolhem serem conservadores, chatos, mandoes, irritantes, tem uns que escolhem nao tomarem muito banho, outros parecem que escolhem frequentar filas so para puxar papo com quem nao tem paciencia para fila, nem para conversa com desconhecidos, outros decidem votar no maluf.

Outros investem mais na vivacidade que na epoca da juventude e ja que tem menos coisas a perder, aproveitam mesmo.

Ha alguns anos, eu tinha decidido que quando ficasse velha fisicamente (sei que ja nasci beirando os 70, mas hoje ja nao acho 70 velho, bom, depende para o que), eu queria ser uma velhinha chinesa, daquelas bem serenas, magrinhas, que praticam tai chi, saem na rua praticamente de pijamas, falam baixo e cultivam seus jardins.

Mudei de ideia: decidi que quando me aposentar, vou morar na Italia, e ser uma daquelas velhas que falam bem alto, comem como se nao houvesse amanha e passeiam pelas piazzas, arrastando seus chinelos, felizes da vida.

Espero que os amigos venham visitar, para um delicioso copo de vinho...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A mão amarela



Muitas pessoas queixam-se que quanto maior a posição hierárquica que ocupam, maior a solidão no trabalho, pois ficam mais distante de saber as fofoquinhas corriqueiras: Quem ficou com quem, quem chilicou por motivos bestas, quem é mal falado, etc. E o que dizer da possibilidade de fazer um comentário maldoso!


Quando você tem uma sala somente para você, passa a ter duas grandes vantagens:


1. Pode falar no telefone com mais privacidade, o que é ótimo, pois assim, evita que todos os seus colegas, incluindo os que você não gosta, fiquem sabendo se a Francisca queimou sua blusa preferida, se o leite de cabra da sua fazenda azedou na geladeira, se o seu exame oftalmológico acusou que você estava cegueta há anos, etc.


2. Pode ter mais privacidade e concentração para os trabalhos que exigem muita reflexão, como por exemplo, escrever um post ou comentários para o blog.


No entanto, ter sua própria sala, é também um semi ostracismo. Você fica naturalmente excluído de algumas situações, como os bolões da mega sena, você ouve os outros rindo lá fora, e não consegue escutar direito qual foi a piada. Mas o ostracismo é parcial, pois quando trata-se de passar a chatice da lista de casamento, alguém sempre lembra de ir na sua sala!


Um dia, uma grande amiga definiu os funcionários que trabalham em pequenas salas como cubocriaturas. Quando comentei com a minha amiga, crítica mordaz das cubocriaturas que agora eu teria uma sala só minha, o primeiro comentário dela foi:


- que bom! você poderá soltar puns durante o trabalho!


Ledo engano! E o medo de soltar um inocente punzinho na sua sala, e bem nesta hora alguém entrar! Não dá para culpar ninguém mais, a não ser se for cara de pau o suficiente, para olhar com aquela cara de quem cheirou e não gostou até fazer o outro ficar na dúvida se será que não foi ele que deixou escapar umzinho involuntário e nem percebeu!









domingo, 2 de novembro de 2008

Inês



"Mais vale burro que me carregue, que cavalo que me derrube"

Gil Vicente, em "A farsa de Inês Pereira".

Já levei uns tombos de cavalos, que nem puro sangue eram.
Fiz umas aulas de equitação. O cavalo é lindo, domado e obediente. Ainda assim, o cavaleiro precisa aprender a deixar que seu corpo vá no ritmo do cavalo. Tem pressa não para aprender...

Eu, que não troco meu reino por um cavalo, vou apreciando os poodles, que apesar de soltarem pêlos, fazem uma ótima companhia, são inteligentes e joviais.

Acho que o Gil Vicente se conformou rápido demais.
Era português.
Se fosse brasileiro, não desistiria nunca, mas agora... Inês é morta.