domingo, 11 de julho de 2010

Burca

Fiquei fascinada com as mulheres de burca em Istambul. Se eu estivesse em um país onde todas as mulheres fossem obrigada a usar burca, talvez não tivesse ficado tão estarrecida. A Turquia é um país em que cada um veste-se do jeito que bem entender.

E muitas bem entendem, ou são bem entendidas por seus maridos e famíliares que devem usar burca.

Hoje no ônibus, eu estava ao lado de uma delas. Ninjas, como são chamadas, no Marrocos, pelas mulheres que não usam burca.

Fiquei tentando imaginar como será a vida destas mulheres.

Pedi para uma delas para tirar uma foto junto com ela. Ela ficou tentada, pareceu sorrir com os olhos, mas me disse: espere, vou perguntar se posso. Correu alguns metros, perguntou ao marido. O marido me olhou desconfiado, porém percebeu que eu era uma curiosa inofensiva e assentiu com a cabeça.

A moça que tinha mais ou menos a mesma idade que eu, voltou satisfeita e tiramos uma foto juntas. Mostrei a foto a ela, e embora não pude ver, tenho certeza de que ela sorriu, Pelo menos, assim fez com os olhos.

Pedi para outra. Ela me olhou, muito, mas muito surpresa e disse: Mas, por quê?

Expliquei a ela que no meu país nenhuma mulher se cobre, que era muito diferente para mim, ver uma mulher coberta. Ela disse que eu poderia tirar a foto. Não me pareceu ter sorriso.

Pedi para tirar uma foto com um grupo de adolescentes, cobertas com véus coloridos. Elas adoraram, todas riram, e aproveitaram para tirar foto comigo também.

Pedi a mesma coisa para um grupo de meninas cobertas com véus negros. Também toparam na hora, ajeitaram seus véus, e pediram para ver a foto. Ficaram se cutucando e rindo.

De alguma forma, tentei ficar perto destas mulheres tão diferentes de mim. Na mesquita, ficando próxima na hora em que elas rezavam, só me senti mais e mais distante.

A foto foi a única forma que consegui.

Life experience

Passeando no Grand Baazar. Eu olhava a vitrine de uma loja, o mago-vendedor captou o meu olhar e queria que eu entrasse.
I am just looking, eu disse.
And I am just showing, foi a pronta resposta.
Não sei o que aconteceu. Fui hipnotizada. Quando dei por mim, eu já estava dentro da loja, meus colegas de trabalho, tomando chá ao meu lado e eu escolhendo um tapete. Tapete? Como eu vou levar um tapete para casa?
Não sei explicar o que houve.
Tudo o que eu sabia era que comprar um tapete subitamente tinha se tornado uma prioridade na minha vida.
O vendedor me dizia que fazer esta compra era uma experiência de vida. E inebriada por tudo a minha volta, eu acreditei.
Não fiz a compra. Resisti bravamente.
Dois dias depois, voltei ao Bazaar. Passeava despretenciosamente quando de repente ouço: olá, senhorita, seu tapete está guardado para você. Olhei, e me deparei com o vendedor-mago-hipnotizador.
E ele continuou: - seu tapete, vermelho, deixei guardado para você, venha ver.
Fui acompanhando-o como Ulisses, ouvindo o canto das sereias.
Cheguei a pensar que eles colocam algo no chá te maçã, tão habitual por la, porque lá estava eu zonza, novamente.
E desta vez, não saí sem o tapete.
Queria ter levado um muito maior, um tapete voador, mas para experiência de vida, um médio já foi o suficiente.
Suficientemente dificil de levar para casa também!
Outra life experience bem válida...