A expressão que se usa para falar de um casal que passa a morar sob o mesmo teto é "juntar as escovas de dentes", mas na verdade as escovas de dentes são a parte mais fácil do processo. Basta que não sejam iguais, e pronto, estão juntadas. Juntar o resto é que não é fácil, principalmente, as manias...
Para evitar qualquer tipo de atrito, potencializado com a bagunça que é uma casa nova, com caixas espalhadas pela casa toda, prefiro falar de outro tipo de "juntação". Juntação de livros.
Foram 16 caixas de livros. Algumas pérolas, sem dúvida, e uma ou duas caixas de livros que não sobreviveram. A caixa um, aqueles que não há nem titubeio, vai para reciclagem (de onde nunca deveriam ter saído) e a caixa dois: aqueles que a gente não quer mais guardar, mas sente uma certa ligação, ainda que pequena, e decide doar para que outra pessoa decida se devem ou não voltar para reciclagem.
Os sobreviventes são cerca de 300 livros. Dos mais ecléticos possíveis e imaginários: "Simbiose e Ambiguidade", "Mario Covas", "The Billionaire who wasn´t", "Iliada", e muitos outros.
Diante da nossa biblioteca combinada, dois eram exemplares IDÊNTICOS, vindo de duas casas, de dois gostos completamente distintos: "Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?" e "O amor de mau humor".
Agora, ao invés de terminar a arrumação, minha concentração está dirigida a tentar entender o significado destes livros. Tento entender por que ambos tinham estes livros. Talvez achássemos que merecíamos coisa melhor. Talvez agora, certos que fizemos escolhas melhores, que coisas boas acontecem conosco (que também somos pessoas boas na maior parte do tempo) e que sabemos amar de bom humor, podemos jogar estes dois livros (ou quatro exemplares, já que são repetidos) na caixa um ou dois.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Parede berinjela
Hoje é o último shabbes que passo neste apartamento. Acendi as velas e me lembrei do primeiro shabbes que fiz aqui, eu comigo mesmo, que é o que este apartamento sempre significou para mim.
Estou um pouco nostálgica de deixar este apartamento, mas o sentimento predominante é de muita felicidade.
Ter vindo morar aqui foi uma das melhores coisas que já vivi. Ter a minha casa, ter a realização de ter conquistado isto. Fazer tudo do meu jeito, descobrir qual era o meu gosto para cada item, ter a liberdade até de pintar uma parede de cor de berinjela.
Como me fez bem escolher cada item deste apartamento, a felicidade que foi quando soltei a frase: “estou preocupada com as cores” e a serenidade que me deu perceber que esta era a minha maior preocupação naquele momento!
Me lembro da sensação de dormir a primeira noite. Parecia que eu nunca tinha estado em outro lugar.
Como eu gostei do silêncio deste lugar, do meu silêncio, do canto dos passarinhos todos os dias, de ler o jornal na rede, de ficar aqui, onde estou agora, no escritório, na frente deste computador, de receber os amigos, de deixar a louça acumulada de dias, do meu canto oriental, de escolher as fotos dos porta-retratos, de falar no telefone andando pelo closet, de organizar os livros por assunto, de conhecer cada cantinho daqui.
É, uma fase está se encerrando agora e estou mais que pronta para um recomeço.
Vou, mas vou muito, muito feliz e muito certa de que vou ser ainda mais feliz do que fui aqui.
Eu saio daqui, melhor do que eu cheguei.
Estou um pouco nostálgica de deixar este apartamento, mas o sentimento predominante é de muita felicidade.
Ter vindo morar aqui foi uma das melhores coisas que já vivi. Ter a minha casa, ter a realização de ter conquistado isto. Fazer tudo do meu jeito, descobrir qual era o meu gosto para cada item, ter a liberdade até de pintar uma parede de cor de berinjela.
Como me fez bem escolher cada item deste apartamento, a felicidade que foi quando soltei a frase: “estou preocupada com as cores” e a serenidade que me deu perceber que esta era a minha maior preocupação naquele momento!
Me lembro da sensação de dormir a primeira noite. Parecia que eu nunca tinha estado em outro lugar.
Como eu gostei do silêncio deste lugar, do meu silêncio, do canto dos passarinhos todos os dias, de ler o jornal na rede, de ficar aqui, onde estou agora, no escritório, na frente deste computador, de receber os amigos, de deixar a louça acumulada de dias, do meu canto oriental, de escolher as fotos dos porta-retratos, de falar no telefone andando pelo closet, de organizar os livros por assunto, de conhecer cada cantinho daqui.
É, uma fase está se encerrando agora e estou mais que pronta para um recomeço.
Vou, mas vou muito, muito feliz e muito certa de que vou ser ainda mais feliz do que fui aqui.
Eu saio daqui, melhor do que eu cheguei.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Caixa de Entrada
Esta semana ouvi uma conversa que me deixou bastante intrigada.
Era uma senhora, que passou por uma situação muito assustadora, bandidos entraram na sua casa, renderam a família e roubaram várias coisas. Felizmente ninguém foi machucado fisicamente.
Ela contava a história, obviamente em mais pormenores, e disse:
- "Coincidentemente, na MESMA hora do assalto, eu recebi um e-mail protetor de Nossa Senhora da Guadalupe".
Eu achei que não tinha ouvido direito: um e-mail?
E foi isto mesmo. De tempos em tempos, ela recebe um mail da Santa.
Eu fiquei muito aliviada pela proteção dela, surpresa com a coincidência de ter ocorrido simultanemante, feliz por não ter sido como minha amiga que estava com muitas coisas ruins ocorrendo com ela, foi se benzer, e enquanto tomava um passe, teve o carro roubado,mas eu fiquei também muito preocupada...
Por que eu não estou no mail list de nenhum santo?
Por que eu só recebo mensagens de medicamentos vendidos no Canadá, de lançamentos de imóveis em cidades que eu nem sei onde ficam, de tratamentos para aumento de pênis, de oferta de uma monte de quinquilharias?
E se eu receber um mail de santo, vou colocar uma faixa de agradecimento neste blog, pela graça alcançada.
Era uma senhora, que passou por uma situação muito assustadora, bandidos entraram na sua casa, renderam a família e roubaram várias coisas. Felizmente ninguém foi machucado fisicamente.
Ela contava a história, obviamente em mais pormenores, e disse:
- "Coincidentemente, na MESMA hora do assalto, eu recebi um e-mail protetor de Nossa Senhora da Guadalupe".
Eu achei que não tinha ouvido direito: um e-mail?
E foi isto mesmo. De tempos em tempos, ela recebe um mail da Santa.
Eu fiquei muito aliviada pela proteção dela, surpresa com a coincidência de ter ocorrido simultanemante, feliz por não ter sido como minha amiga que estava com muitas coisas ruins ocorrendo com ela, foi se benzer, e enquanto tomava um passe, teve o carro roubado,mas eu fiquei também muito preocupada...
Por que eu não estou no mail list de nenhum santo?
Por que eu só recebo mensagens de medicamentos vendidos no Canadá, de lançamentos de imóveis em cidades que eu nem sei onde ficam, de tratamentos para aumento de pênis, de oferta de uma monte de quinquilharias?
E se eu receber um mail de santo, vou colocar uma faixa de agradecimento neste blog, pela graça alcançada.
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