terça-feira, 28 de junho de 2011

Agarre bem para não se magoar

A frase foi dita na minha língua nativa: português.
O contexto? Bom, uma frase desta poderia estar inserida em qualquer contexto. Poderia ser um conselho de mãe, de amiga, do homem amado, mas surpreendentemente, veio de uma comissária de bordo!
Volto a repetir: a frase foi dita na minha língua nativa, mas parece que o português de Portugal é uma outra língua!
No avião, em um momento de turbulência que já durava muitos e muitos momentos, precisei ir ao banheiro (ou casa de banhos, como dizem os lusitanos). E eis que veio este conselho da comissária de bordo. E então, descobri que magoar-se em Portugal, significa machucar-se, inclusive ou unicamente, não sei, fisicamente.

Pensei... (em português do Brasil) - Será que alguma vez que eu me machuquei eu não me magoeei? Me lembrei de um tombo que eu tomei em um supermercado há alguns anos. Magoou até a alma - de vergonha.
O contrário é óbvio: todas as vezes que eu me magooei fiquei de alguma forma machucada fisicamente também.
Na dúvida, me agarrei o máximo que pude. E saí ilesa da turbulência...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A parte pelo todo


Este calção está todos os dias pendurado no varal da casa do meu vizinho.
Vou repetir: Todos os dias. Dias de sol, dias de chuva. Impreterivelmente.
Não existe piscina na casa dele.
O que existe, é uma vizinha curiosa que não consegue imaginar o motivo do calção estar lá todos os dias.
Alguns dias o cara pendura dois calções. Um igualzinho ao outro.
Olhando pela minha janela, não consigo identificar bem, será que é uma cueca. Cueca preta?
Uma vez ouvi uma história de um amigo que morava em uma república com mais uns 6 homens. Para que não houvesse uma mistura nas cuecas, decidiram que cada um teria uma cor específica para todas as suas cuecas. O tal do meu amigo foi sorteado com a cor vermelha. Só podia comprar cuecas vermelhas. Nem quero imaginar a vergonha que ele deveria passar quando passava a noite pela primeira vez com uma garota. Deve ser por isto que ele se casou muito cedo. Para não precisar mais usar somente cuecas vermelhas.

A casa do meu vizinho não é uma república. Ou é: a República da cueca preta.
Dentre as dúvidas que tenho, eu penso: por que será que a cueca está sempre no varal? Deve ser de um tecido de secagem muito, muito lenta.
E por que nenhuma outra roupa nunca apareceu neste mesmo varal? Será superstição?


O tal do calção é a única informação que eu tenho sobre este vizinho. Para mim, ele se resume ao homem do calção preto na janela.
Se eu encontrá-lo na rua, não haverá a menos chance de reconhecê-lo. A não ser que esteja vestindo unica e somente, a tal da cueca preta.