terça-feira, 22 de novembro de 2011
Hospital das bonecas
Quando eu era criança eu ganhava brinquedo três vezes por ano: no meu aniversário, no dia das crianças e no fim do ano. Eu me lembro muito bem que às vezes eu ganhava o presente e às vezes eu ia na loja escolher o brinquedo. Era uma grande satisfação.
Eu me lembro muito bem de um cachorrinho chamado Xodó que latia e pulava ao som de uma musiquinha: lá vem o Xodó, lalalala.
Um dia o Xodó, que ia comigo para todos os lugares, quebrou. Levamos o Xodó para o hospital de bonecas. Foi um pouco frustrante, eu esperava um hospital com leitos, soro, médicos, um lugar onde eu ficaria ao lado do meu Xodó enquanto ele convaleceria de sua enfermidade e não era nada disto. Tratava-se de um balcão que recebia os brinquedos quebrados e em troca a mãe ganhava um papel com um número para depois aprovar ou reprovar o orçamento. Apesar da decepção, o Hospital das Bonecas cumpriu sua função e o Xodó voltou são para casa, embora um pouquinho sequelado. Ele ainda latia, mas não dançava mais. Continuava sendo meu Xodó querido.
Ontem, após cerca de 30 anos, voltei ao Hospital das Bonecas. Fui deixar uma babá eletrônica para ser arrumada após ela ter sido torturada em uma tomada 220V. Desta vez, sob a ótica adulta eu fui menos exigente com o tal do Hospital. O balcão se mantém e a falta de leitos também, mas achei interessante que no canhoto que eles entregam não consta um número de serviço e sim um número de internação. Gostei que eles vendem roupas para bonecas, sapatinhos perdidos de candidatas a Cinderela do mundo dos brinquedos e mantém um silêncio hospitalar. Gostei também que eles tem uma noção de urgência. Babás eletrônicas devem ser colocadas na fila das emergências, pois me foi dito que demoraria 2 semanas somente par ter o orçamento e após um dia eu já tinha o orçamento em mãos.
O meu número de internação era 41.547 e isto me deixou um pouco surpresa com a quantidade de brinquedos quebrados que são levados até lá (ou será que este número é sequencial há mais de 30 anos?).
Foi uma viagem ao túnel do tempo ter voltado lá. E me deu muitas saudades do meu Xodó.
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