quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Ateu, Graças a Deus
A tarde era ensolarada, quase no limite do que a minha pele branca poderia achar aprazível. A grama verde me chamava para rolar. Nenhum adulto por perto, a sensação de liberdade máxima que uma criança pode sentir. Eu corria como se não houvesse amanhã, aproveitando cada centímetro daquele espaço livre. Balançava os braços, soltava o corpo, me jogava no chão.
Sozinha, mas não solitária, na melhor companhia possível, a da minha imaginação. Nos devaneios, a possibilidade de voar, de mergulhar, de ser a super-heroína dos meus desejos, a poderosa Isis: "Ó Zéfir que comanda o ar, levante-me do chão para que eu possa voar". E voava, voava, voava.
Quanto tempo se passou, não sei dizer, nem quero precisar. O tempo cronológico não importa, para mim, era a quantidade perfeita de tempo.
- Menina, você está sozinha aí? Que loucura, você é muito pequena! Não pode ficar sozinha.
Não podia? Por quê? Nunca havia me sentido tão completa e protegida!
- Venha cá, por Deus! Que perigo! Graças a Deus você está bem.
Com Deus, eu não estava e nem queria estar. Deus não tinha o direito de estragar a minha alegria de estar só, Deus não poderia ficar com o mérito daquele momento mágico. E foi neste momento que ficou claro para mim: se eu não acreditar nele, ele não estará perto de mim quando eu quiser ficar só. Aos cinco anos eu rompi o laço com Deus e fiz meus votos comigo mesma.
terça-feira, 14 de maio de 2013
Diário
Quase 1 ano sem escrever aqui. Quase 1 ano sem concentração para escrever.
O que tenho escrito neste tempo são cartas para minhas filhotas. Cartas em que conto a elas como estou me sentindo e como elas vão se desenvolvendo. Acho que elas gostarão de ler quando estiverem mais crescidas. Eu adoraria ler sobre minha infância.
Tenho guardado os meus diários dos 10 aos 16 anos. Escrevia todos os dias. Uma parte está em código e não lembro mais do código. As partes relacionadas aos garotos de quem eu gostava ou de sentimentos que tinha receio que alguém soubesse.
Não sei porque guardei estes diários por tantos anos. Devo ter folheado um ou outro algumas vezes nestes últimos anos. Me causam mais nostalgia e dor que risos.
Quero reler quando as minhas filhas estiverem nestas idades. Tenho a ideia de que entendendo melhor o que eu pensava nestas idades eu consiga compreende-las melhor. Ou pior. Vai saber...
Eu que escrevi diariamente por 6 anos, fiquei quase 1 ano sem voltar aqui. Não vou dizer que foi falta de tempo, não é verdade. Tive tempo para muitas bobagens na TV e no facebook. Vou voltar. Vou encontrar assuntos e voltar.
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