Fiquei fascinada com as mulheres de burca em Istambul. Se eu estivesse em um país onde todas as mulheres fossem obrigada a usar burca, talvez não tivesse ficado tão estarrecida. A Turquia é um país em que cada um veste-se do jeito que bem entender.
E muitas bem entendem, ou são bem entendidas por seus maridos e famíliares que devem usar burca.
Hoje no ônibus, eu estava ao lado de uma delas. Ninjas, como são chamadas, no Marrocos, pelas mulheres que não usam burca.
Fiquei tentando imaginar como será a vida destas mulheres.
Pedi para uma delas para tirar uma foto junto com ela. Ela ficou tentada, pareceu sorrir com os olhos, mas me disse: espere, vou perguntar se posso. Correu alguns metros, perguntou ao marido. O marido me olhou desconfiado, porém percebeu que eu era uma curiosa inofensiva e assentiu com a cabeça.
A moça que tinha mais ou menos a mesma idade que eu, voltou satisfeita e tiramos uma foto juntas. Mostrei a foto a ela, e embora não pude ver, tenho certeza de que ela sorriu, Pelo menos, assim fez com os olhos.
Pedi para outra. Ela me olhou, muito, mas muito surpresa e disse: Mas, por quê?
Expliquei a ela que no meu país nenhuma mulher se cobre, que era muito diferente para mim, ver uma mulher coberta. Ela disse que eu poderia tirar a foto. Não me pareceu ter sorriso.
Pedi para tirar uma foto com um grupo de adolescentes, cobertas com véus coloridos. Elas adoraram, todas riram, e aproveitaram para tirar foto comigo também.
Pedi a mesma coisa para um grupo de meninas cobertas com véus negros. Também toparam na hora, ajeitaram seus véus, e pediram para ver a foto. Ficaram se cutucando e rindo.
De alguma forma, tentei ficar perto destas mulheres tão diferentes de mim. Na mesquita, ficando próxima na hora em que elas rezavam, só me senti mais e mais distante.
A foto foi a única forma que consegui.
domingo, 11 de julho de 2010
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