terça-feira, 22 de maio de 2012
Cobras e lagartos
Tenho fobia de cobras. Não é de hoje, é de sempre. E parece que, ao longo dos anos, tenho ficado cada vez com mais e mais medo destes répteis.
As cobras fazem parte dos meus pesadelos mais assustadores, aqueles em que acordo com o coração disparado.
Meu medo de cobras sempre foi um pouco incompatível com o meu grande amor pela natureza. Apesar de odiá-las, temê-las, sempre fui ao encontro delas. Chapada Diamantina, Chapada dos Veadeiros, Pantanal, Serra da Canastra, do Cipó, Amazônia, Ilha do Caju, Bonito. Os passeios pelas cachoeiras e trilhas, pela linda natureza deste país sempre estiveram permeados por um olhar temeroso, uma procura por aquilo que não se quer achar, e que eventualmente aparecia no caminho.
O melhor lugar do mundo é Fernando de Noronha, aquela natureza exorbitante e total ausência de cobras na ilha. O paraíso.
O pior lugar do mundo é a Ilha do Cardoso. Foram 2 cobras (uma viva e uma morta) em 2 dias de passeio. No terceiro dia, fiz as malas e fui embora. Não preciso ficar nem um segundo em um lugar destes.
Trabalho na Barra Funda. Não é exatamente um lugar conhecido pela exuberância da natureza ao redor. Trata-se de um prédio, parte de um condomínio de 4, cada um com 20 andares. No térreo tem um jardinzinho sem graça. No escritório tem alguns vasos de plantas. Todos os vasos foram trocados há alguns dias. Na minha sala tem uma espécie de mini palmeira. O jardineiro vem toda semana fazer a manutenção. Ontem eu estava na sala e quando me virei, tinha em cima da minha mesa um bicho. Um híbrido de barata com grilo. Se eu estivesse em uma pequena pousada em Alter do Chão, talvez esperasse por isto. A surpresa foi enorme, convertida em um pulo. Chamei alguém para me socorrer e tirar o bicho.
Na sequência veio a moça da limpeza e eis que ela me contou que no dia anterior, de uma das plantas novas saiu um filhote de cobra! Filhote de cobra! Em plena Barra Funda! 15 cm de terror, segundo o relato dela! E ela ainda quis me mostrar a foto que ela e os bombeiros tiraram do bicho e que é claro que eu não quis ver! Fiquei estarrecida!
Passei o dia apavorada, mesmo depois de saber que os bombeiros examinaram tudo, que a empresa de plantas novas desmontou os vasos. Não há lógica para lidar com o medo, com o pavor. Não posso ver cobra nem na televisão. Outro dia, tomei o maior susto folheando uma revista com uma foto de cobra. E a perspectiva de ter uma cobra no meu ambiente de trabalho estragou o meu dia. Não compartilhei com ninguém do trabalho. Não quero estragar o dia, o sossego de mais ninguém. Vou viver o terror sozinha.
A única vantagem de morar em uma cidade cinza, poluída e feia era a certeza de não deparar com cobras no caminho! Certeza que foi pelo ralo.
Estou pensando em comprar um gavião para andar a tiracolo.
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Um comentário:
Belo texto. Tem pressa não. Tem cobra e gavião. Acabei de ler um texto sobre o paradoxo: ChuangTsé - "Naõ há nada que seja isto, não há nada que não seja aquilo. Isto vive em função daquilo. Tal é a doutrina da interdependência...a afirmação o é diante da negação e vice-versa.
Ass: Globetrotter
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