quarta-feira, 20 de maio de 2009

A idade da razão

Eu já nasci com 46 anos.
Isto, quem me falou foi um amigo meu, quando eu tinha 15 anos.
OK, eu confesso que não fui uma garota comum de 15 anos, pois naquela época, eu já detestava sair a noite (morria de sono), gostava de cinema iraniano (o balão branco era meu favorito), experimentei fumar aos 12 anos, achei uma merda e nunca mais quis saber, (que sorte!) e já não gostava de música alta.
O tempo passou, e algumas coisas mudaram, hoje eu não tenho a menor paciência para filme iraniano, não arrisco mais filmes da mostra (afinal os realmente bons, sempre entram em cartaz depois), e continuo sem gostar de música alta, nem fumar, e continuo morrendo de sono.
Que bom que eu estou chegando mais perto da idade que verdadeiramente sempre tive! Agora estas coisas ficam menos esquisitas para quem vê.
Hoje me senti uma velha. Estava conversando com uma moça do trabalho, que é estagiária de outra área, e papo vai, papo vem, comentei algo sobre o trabalho da minha mãe, e ela me perguntou com a maior surpresa: nossa, a sua mãe ainda trabalha?

poxa, foi praticamente como se ela tivesse dito: você já é tão velha, quase se aposentando, e sua mãe ainda não é aposentada?

Bem, tudo é relativo. No domingo fui com um amigo assistir a um concerto no parque oscar americano e no momento que adentrei a sala de concerto, a idade média decaiu de mais ou menos 95 anos, para meros 81.
Todos os velhinhos, principalmente mulheres andavam bem devagarinho, como a idade exige, acomodando-se em suas poltronas com seus cabelos ralos, branquinhos ou violetas.

Em um dado momento, fiquei pensando o que aconteceria se tivesse um incêndio naquele local. Eu estava em uma das últimas fileiras, e como é que eu sairia correndo, com todos aqueles velhinhos vagarosos?

Será que num impulso, eu sairia empurrando todo mundo? Difícil de saber.

E o que é pior, será que minha amiga do trabalho (a estagiária) pensa a mesma coisa?

Um comentário:

cri cri disse...

Matusaleia, você sabe que tem minha simpatia. Mas me sinto menos otimista. Como você, nasci com 40. Mas quanto ao resto divergimos: pelas minhas contas, já sou septuagenária... Outro dia, um amigo se surpeendeu por eu conhecer o toppo giggio. E outra me explicou, pacientemente: muuuita gente não conhece a Mafalda. Essa geração jovem não sabe de nada.