sábado, 11 de julho de 2015

Cade as 3 Marias?

Ceu estrelado! Nada parecido com o ceu que os gauleses temem cair em suas cabecas. Ontem quis mostrar para minhas filhotas as 3 Marias. Marias estas que meu pai me mostrava no ceu. Me lembrei de uma vez, na Croacia que fui procurar as 3 Marias e somente transpareci minha ignorancia astronomica, ja que la, quem reina e a Ursa Maior e a Ursa Menor. Ontem, aqui, nem Ursa, nem Maria. Nao era perto do Cruzeiro do Sul que elas ficavam, enfileiradas diagonalmente? Onde foram parar? E onde foi parar minha certeza de que algumas coisas a gente nunca esquece? Achei que a posição das Marias eu nunca esqueceria. 3 Marias: no primário, eram Maria de Lourdes, Maria Aparecida e Maria Ines as tres professoras que me sugeriam fortemente cantar o hino nacional, da bandeira e da independência. Isto eu nao esqueci... 3 Marias: na adolescência, foram substituídas pelo violao e a voz de Milton: mas e preciso ter gana, e preciso ter forca, sempre 3 Marias: na vida adulta, sumiram. No google, posso acha las. Na constelacao de Orion. Ainda prefiro ficar deitada na grama, olhando para o ceu ate resgata-las da minha memória.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Chi tchi

O ano era 2010. A viagem era para o Vietna. Bom dia, Vietna! - eu podia ouvir o Robin Willians gritando isto a cada esquina. Nao, o clima nao era belico, muito pelo contrario. O clima era de descoberta e romantismo. A guia era uma jovem universitaria que explicava sobre as familias de Ho Chi Min. As familias vao adicionando andares as suas casas conforme se casam. As familias vao morando juntas, em pequenos sobrados que se tornam pequenos e frageis predinhos. E em algum momento da conversa, surgiram alguns sons. Parecia algo como chi, tchi, chi, tchi. O que e isto? E ela explicou, da forma mais logica possivel que cada palavra tinha um som completamente diferente, assim como o significado. Nao me lembro dos significados, mas cada imperceptivel diferente chi nao tinha nada a ver com a palavra anterior. Foi uma explosao de gargalhadas! E hoje, 5 anos depois, me dei conta de que nao tinha nada de estranho nisto. Vejam o portugues, esta lingua di,ples somente para Camoes e para o professor Jorge Miguel que sabia as Lusiadas de cor: Vaca, maca, laca, taca, saca, faca. Cada palavra minimamente diferente? E o que dizer de maca e de cama? A guia vietnamita provavelmente nao cairia na gargalhada, mas com sua sutil orientalidade, cobriria os labios e chacoalharia os ombros!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Liquid paper

Fui visitar uma amiga que teve bebê na maternidade. Achei por bem comprar um presente na lojinha do hospital, para facilitar eventual desejo de troca. A lojinha do hotel tinha muitas boas opções de presentes. Variados bichos de pelúcias, roupinhas, mantas, enfeites, etc. Tudo em ordem. O que chamou minha atenção foi que na principal prateleira, dentre alguns itens de papelaria, havia uma fila comprida de liquid papers. Sendo o hospital longe da minha casa, tive bastante tempo durante o trajeto da volta para pensar por que será que alguém precisaria de liquid paper na maternidade? Não consegui chegar a nenhuma hipótese plausível. Liquid paper? Não consigo imaginar. Será que serve para alterar o nome da criança das lembrancinhas se os pais mudaram de ideia ao ver a criança? Será que serve para tentar corrijir, digo corrigir (cadê o liquid paper?) cartões mal escritos? Não importa: O nascimento é o momento de começar a escrever uma história. É uma página em branco para todos os membros da família. É o momento de se descobrir como pais, irmãos, avós. Liquid paper? Desde o ginásio não sei mais para que serve. E se pensarmos bem, o ginásio nem existe mais...

quinta-feira, 27 de março de 2014

Olha o jacaré

Seis da manhã. Levanto e vou estoicamente fazer ginástica. E lá está ela. A miniatura de jacaré. Zombando da minha falta de alongamento. Rindo da minha falta de coordenação motora. E sigo tentando. O exercício é chamado de cachorro e gato. Em quatro apoios como um cachorro, curvando a coluna como um gato. E o pequeno jacaré lá perto, embaixo do sofá. Entre a contagem sistemática e repetitiva de 1 a 15, olhares de soslaio mútuos. Eu pensando como vou me livrar dela. Ela pensando por que diabos eu estou com pesos nos pés e nas mãos, dificultando minha mobilidade. Jacaré com ventosas; humana com bola de pilates. Dupla improvável. Fim da aula. Alívio. Das duas partes. Eu feliz por ter cumprido minha dose bi semanal de exercício. A lagartixa com a certeza de que não será defenestrada. Se não foi extirpada até agora, está com seu lugar garantido. Chego no trabalho e ligo para uma empresa de dedetização. - Formigas, baratas e insetos em geral. Ótimo, recentemente também apareceram algumas baratas grandes como naves espaciais. A casa anda bastante povoada de visitas não desejadas. - E largartixa? - Minha senhora, lagartixa não é inseto, é réptil. Nós não eliminamos. Sim, ela venceu. Vai ficar lá e na ausência dos demais insetos, vai reinar sozinha.

terça-feira, 25 de março de 2014

As saias que deixei de usar

Recebi ontem de uma amiga uma foto em que eu e mais 3 amigas estamos de biquini por volta da lira dos nossos 16 anos. Pareço uma outra pessoa. Cabelos muito, muito volumosos e mais escuros do que hoje, apesar de mantê-los virgens de tintura até hoje. O corpo, este realmente parece outro. Uns vários quilos a menos. Fiquei impressionada. E me senti muito idiota. Idiota, porque me lembrei que até os 30 anos eu não usava saia. Achava que minhas pernas eram muito finas e muito brancas. Ainda são, mas como é bom fazer 30 anos! Como é bom perceber como somos e tirar o melhor disto. Agora, muito mais perto dos 40 anos do que dos 30, uso saias. As pernas continuam tão ou mais brancas do que antes, os cabelos menos volumosos, outras coisas mudaram, mas o que mudou mais, não aparece na fotografia. E as saias que não usei, decerto não servem mais. Que venham as novas saias...

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Ateu, Graças a Deus

A tarde era ensolarada, quase no limite do que a minha pele branca poderia achar aprazível. A grama verde me chamava para rolar. Nenhum adulto por perto, a sensação de liberdade máxima que uma criança pode sentir. Eu corria como se não houvesse amanhã, aproveitando cada centímetro daquele espaço livre. Balançava os braços, soltava o corpo, me jogava no chão. Sozinha, mas não solitária, na melhor companhia possível, a da minha imaginação. Nos devaneios, a possibilidade de voar, de mergulhar, de ser a super-heroína dos meus desejos, a poderosa Isis: "Ó Zéfir que comanda o ar, levante-me do chão para que eu possa voar". E voava, voava, voava. Quanto tempo se passou, não sei dizer, nem quero precisar. O tempo cronológico não importa, para mim, era a quantidade perfeita de tempo. - Menina, você está sozinha aí? Que loucura, você é muito pequena! Não pode ficar sozinha. Não podia? Por quê? Nunca havia me sentido tão completa e protegida! - Venha cá, por Deus! Que perigo! Graças a Deus você está bem. Com Deus, eu não estava e nem queria estar. Deus não tinha o direito de estragar a minha alegria de estar só, Deus não poderia ficar com o mérito daquele momento mágico. E foi neste momento que ficou claro para mim: se eu não acreditar nele, ele não estará perto de mim quando eu quiser ficar só. Aos cinco anos eu rompi o laço com Deus e fiz meus votos comigo mesma.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Diário

Quase 1 ano sem escrever aqui. Quase 1 ano sem concentração para escrever. O que tenho escrito neste tempo são cartas para minhas filhotas. Cartas em que conto a elas como estou me sentindo e como elas vão se desenvolvendo. Acho que elas gostarão de ler quando estiverem mais crescidas. Eu adoraria ler sobre minha infância. Tenho guardado os meus diários dos 10 aos 16 anos. Escrevia todos os dias. Uma parte está em código e não lembro mais do código. As partes relacionadas aos garotos de quem eu gostava ou de sentimentos que tinha receio que alguém soubesse. Não sei porque guardei estes diários por tantos anos. Devo ter folheado um ou outro algumas vezes nestes últimos anos. Me causam mais nostalgia e dor que risos. Quero reler quando as minhas filhas estiverem nestas idades. Tenho a ideia de que entendendo melhor o que eu pensava nestas idades eu consiga compreende-las melhor. Ou pior. Vai saber... Eu que escrevi diariamente por 6 anos, fiquei quase 1 ano sem voltar aqui. Não vou dizer que foi falta de tempo, não é verdade. Tive tempo para muitas bobagens na TV e no facebook. Vou voltar. Vou encontrar assuntos e voltar.