segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Juntação total de bens

A expressão que se usa para falar de um casal que passa a morar sob o mesmo teto é "juntar as escovas de dentes", mas na verdade as escovas de dentes são a parte mais fácil do processo. Basta que não sejam iguais, e pronto, estão juntadas. Juntar o resto é que não é fácil, principalmente, as manias...

Para evitar qualquer tipo de atrito, potencializado com a bagunça que é uma casa nova, com caixas espalhadas pela casa toda, prefiro falar de outro tipo de "juntação". Juntação de livros.

Foram 16 caixas de livros. Algumas pérolas, sem dúvida, e uma ou duas caixas de livros que não sobreviveram. A caixa um, aqueles que não há nem titubeio, vai para reciclagem (de onde nunca deveriam ter saído) e a caixa dois: aqueles que a gente não quer mais guardar, mas sente uma certa ligação, ainda que pequena, e decide doar para que outra pessoa decida se devem ou não voltar para reciclagem.

Os sobreviventes são cerca de 300 livros. Dos mais ecléticos possíveis e imaginários: "Simbiose e Ambiguidade", "Mario Covas", "The Billionaire who wasn´t", "Iliada", e muitos outros.

Diante da nossa biblioteca combinada, dois eram exemplares IDÊNTICOS, vindo de duas casas, de dois gostos completamente distintos: "Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?" e "O amor de mau humor".

Agora, ao invés de terminar a arrumação, minha concentração está dirigida a tentar entender o significado destes livros. Tento entender por que ambos tinham estes livros. Talvez achássemos que merecíamos coisa melhor. Talvez agora, certos que fizemos escolhas melhores, que coisas boas acontecem conosco (que também somos pessoas boas na maior parte do tempo) e que sabemos amar de bom humor, podemos jogar estes dois livros (ou quatro exemplares, já que são repetidos) na caixa um ou dois.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Parede berinjela

Hoje é o último shabbes que passo neste apartamento. Acendi as velas e me lembrei do primeiro shabbes que fiz aqui, eu comigo mesmo, que é o que este apartamento sempre significou para mim.

Estou um pouco nostálgica de deixar este apartamento, mas o sentimento predominante é de muita felicidade.

Ter vindo morar aqui foi uma das melhores coisas que já vivi. Ter a minha casa, ter a realização de ter conquistado isto. Fazer tudo do meu jeito, descobrir qual era o meu gosto para cada item, ter a liberdade até de pintar uma parede de cor de berinjela.

Como me fez bem escolher cada item deste apartamento, a felicidade que foi quando soltei a frase: “estou preocupada com as cores” e a serenidade que me deu perceber que esta era a minha maior preocupação naquele momento!

Me lembro da sensação de dormir a primeira noite. Parecia que eu nunca tinha estado em outro lugar.

Como eu gostei do silêncio deste lugar, do meu silêncio, do canto dos passarinhos todos os dias, de ler o jornal na rede, de ficar aqui, onde estou agora, no escritório, na frente deste computador, de receber os amigos, de deixar a louça acumulada de dias, do meu canto oriental, de escolher as fotos dos porta-retratos, de falar no telefone andando pelo closet, de organizar os livros por assunto, de conhecer cada cantinho daqui.

É, uma fase está se encerrando agora e estou mais que pronta para um recomeço.

Vou, mas vou muito, muito feliz e muito certa de que vou ser ainda mais feliz do que fui aqui.

Eu saio daqui, melhor do que eu cheguei.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Caixa de Entrada

Esta semana ouvi uma conversa que me deixou bastante intrigada.
Era uma senhora, que passou por uma situação muito assustadora, bandidos entraram na sua casa, renderam a família e roubaram várias coisas. Felizmente ninguém foi machucado fisicamente.
Ela contava a história, obviamente em mais pormenores, e disse:
- "Coincidentemente, na MESMA hora do assalto, eu recebi um e-mail protetor de Nossa Senhora da Guadalupe".

Eu achei que não tinha ouvido direito: um e-mail?

E foi isto mesmo. De tempos em tempos, ela recebe um mail da Santa.

Eu fiquei muito aliviada pela proteção dela, surpresa com a coincidência de ter ocorrido simultanemante, feliz por não ter sido como minha amiga que estava com muitas coisas ruins ocorrendo com ela, foi se benzer, e enquanto tomava um passe, teve o carro roubado,mas eu fiquei também muito preocupada...

Por que eu não estou no mail list de nenhum santo?

Por que eu só recebo mensagens de medicamentos vendidos no Canadá, de lançamentos de imóveis em cidades que eu nem sei onde ficam, de tratamentos para aumento de pênis, de oferta de uma monte de quinquilharias?

E se eu receber um mail de santo, vou colocar uma faixa de agradecimento neste blog, pela graça alcançada.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Todos os nomes

Recentemente descobri que cada membro de minha família pronuncia nosso sobrenome comum de formas diferentes. Há espaço para um sotaque mais afrancesado, mais polaco ou totalmente abrasileirado, espaço para o M mais ou menos pronunciado, com som de N ou não, T mudo ou não tão mudo assim, somente um pouco fanho, etc.

Um dia destes, um dos meus primos, no check in da companhia aérea foi soletrar o sobrenome e a atendente interrompeu:
- Meu senhor, preciso do seu sobrenome, e não do código da reserva.

É verdade, temos que reconhecer que este sobrenome parece um código de reserva. Aqui, no Brasil. No check-in de alguma companhia do leste europeu, talvez um Souza pareça código de reserva. Muita vogal numa palavrinha tão pequena...

Eu sei que existe uma convenção para soletrar. Não estou me referindo a uma música infantil que falava: a de amor, b de baixinho, c de coração Estou falando de uma convenção que penso que deve vir da época do Telex.

A de amor;
B de bola
C de casa;
D de dado...

Me dei conta de que eu utilizo muitos animais para soletrar:
E de elefante, M de macaco (quando a maioria das pessoas, diz M de Maria), T de tatu, R de rato, mas o que me impressionou foi nesta semana, ouvir a seguinte forma de soletrar: T de tamanco. Tamanco? E não parou por aí... S de sapato. Fiquei estupefata. Fiquei pensando se será que é possível encontrar letras para todos os tipos de calçados! E de escarpin, C de chinelo, H de Havaianas! P de pantufas!

Me lembrei que um dia, uma pessoa do meu lado, no trabalho, tinha que soletrar algo, e a pessoa do outro lado do telefone era um tanto quanto limitada, o que fez com que quem soletrasse tivesse que repetir várias vezes, até que já muito impaciente gritou, pela última vez: B de Burro, J de Jumento...

sábado, 2 de outubro de 2010

Funilaria

Encontrei, hoje, uma anotação nos meus papéis:
Consertar a batida do carro? Batida sobre batida.

Imagino que deve ser referente à época em que me mudei de casa e bati o carro no pilar da garagem, logo na primeira semana.

Fui aconselhada a não consertar o carro, pois sendo a garagem nova e a motorista ruim, outras batidas seriam prováveis no curto prazo. Curtíssimo prazo. A lateral do carro ficou da cor do pilar.
Esperei ainda alguns meses para consertar o estrago. Depois de consertado e da adaptação à garagem, o carro manteve-se intacto até sua venda.

E curiosamente, esta anotação reapareceu para mim um dia depois de uma conversa com uma amiga querida. Basicamente falávamos de como às vezes até dá uma desconfiança quando tudo vai bem demais. E ela soltou uma frase que vai para o rol das memoráveis:
"A gente precisa saber que depois de se ferrar muito, um dia nossa vez chega!"
Eu adorei. Foi como uma funilaria reparadora de umas batidas antigas.
E foi também como uma funilaria preventiva de possíveis batidas futuras.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fim de carreira

Esta semana um colega de trabalho se aposentou.
Sob um fundo musical de "Quero ter um milhão de amigos", de Roberto Carlos, ele foi homenageado.
Seu discurso de despedida foi muito emocionante, além dele próprio, várias outras pessoas foram levadas às lágrimas.
Em linhas gerais, ele disse que há muitas empresas onde a gente começa nossa vida profissional. Cada vez que mudamos de trabalho, é um recomeço, mas que só há uma vez e uma empresa onde terminamos nossa carreira. Discursou sobre como era terminar sua carreira profissional nesta empresa, o que isto significava para ele. Falou que teve momentos muito felizes e outros muito difíceis, mas nunca infelizes.

Tenho conversado muito com ele, nos últimos meses, sobre sua aposentadoria. Ele me conta quais são seus planos para não ficar de pijama em casa, esperando a velhice tomar conta de si.
Deve ser um planejamento difícil este. Não se trata de algo temporário, entre um trabalho e outro, e sim uma nova forma de ocupar o tempo, misturando atividades e um total usufruto do tempo totalmente descompromissado, para sempre.

Fiquei pensando também, nas relações sociais. Ninguém mais se aproximará dele somente por interesse profissional. O interesse passa a ser 100% pessoal.
O assunto me parece tão interessante que confesso que fiquei com uma pitada de inveja quando me dei conta do tempo que falta para eu me aposentar...

domingo, 11 de julho de 2010

Burca

Fiquei fascinada com as mulheres de burca em Istambul. Se eu estivesse em um país onde todas as mulheres fossem obrigada a usar burca, talvez não tivesse ficado tão estarrecida. A Turquia é um país em que cada um veste-se do jeito que bem entender.

E muitas bem entendem, ou são bem entendidas por seus maridos e famíliares que devem usar burca.

Hoje no ônibus, eu estava ao lado de uma delas. Ninjas, como são chamadas, no Marrocos, pelas mulheres que não usam burca.

Fiquei tentando imaginar como será a vida destas mulheres.

Pedi para uma delas para tirar uma foto junto com ela. Ela ficou tentada, pareceu sorrir com os olhos, mas me disse: espere, vou perguntar se posso. Correu alguns metros, perguntou ao marido. O marido me olhou desconfiado, porém percebeu que eu era uma curiosa inofensiva e assentiu com a cabeça.

A moça que tinha mais ou menos a mesma idade que eu, voltou satisfeita e tiramos uma foto juntas. Mostrei a foto a ela, e embora não pude ver, tenho certeza de que ela sorriu, Pelo menos, assim fez com os olhos.

Pedi para outra. Ela me olhou, muito, mas muito surpresa e disse: Mas, por quê?

Expliquei a ela que no meu país nenhuma mulher se cobre, que era muito diferente para mim, ver uma mulher coberta. Ela disse que eu poderia tirar a foto. Não me pareceu ter sorriso.

Pedi para tirar uma foto com um grupo de adolescentes, cobertas com véus coloridos. Elas adoraram, todas riram, e aproveitaram para tirar foto comigo também.

Pedi a mesma coisa para um grupo de meninas cobertas com véus negros. Também toparam na hora, ajeitaram seus véus, e pediram para ver a foto. Ficaram se cutucando e rindo.

De alguma forma, tentei ficar perto destas mulheres tão diferentes de mim. Na mesquita, ficando próxima na hora em que elas rezavam, só me senti mais e mais distante.

A foto foi a única forma que consegui.

Life experience

Passeando no Grand Baazar. Eu olhava a vitrine de uma loja, o mago-vendedor captou o meu olhar e queria que eu entrasse.
I am just looking, eu disse.
And I am just showing, foi a pronta resposta.
Não sei o que aconteceu. Fui hipnotizada. Quando dei por mim, eu já estava dentro da loja, meus colegas de trabalho, tomando chá ao meu lado e eu escolhendo um tapete. Tapete? Como eu vou levar um tapete para casa?
Não sei explicar o que houve.
Tudo o que eu sabia era que comprar um tapete subitamente tinha se tornado uma prioridade na minha vida.
O vendedor me dizia que fazer esta compra era uma experiência de vida. E inebriada por tudo a minha volta, eu acreditei.
Não fiz a compra. Resisti bravamente.
Dois dias depois, voltei ao Bazaar. Passeava despretenciosamente quando de repente ouço: olá, senhorita, seu tapete está guardado para você. Olhei, e me deparei com o vendedor-mago-hipnotizador.
E ele continuou: - seu tapete, vermelho, deixei guardado para você, venha ver.
Fui acompanhando-o como Ulisses, ouvindo o canto das sereias.
Cheguei a pensar que eles colocam algo no chá te maçã, tão habitual por la, porque lá estava eu zonza, novamente.
E desta vez, não saí sem o tapete.
Queria ter levado um muito maior, um tapete voador, mas para experiência de vida, um médio já foi o suficiente.
Suficientemente dificil de levar para casa também!
Outra life experience bem válida...

terça-feira, 29 de junho de 2010

O que houve com os envelopes?

Eu sei que desde a invenção dos e-mails, as cartas saíram de moda. Não sinto falta nenhuma. A velocidade do e-mail me agrada muito mais. No entanto, me pergunto: será que as pessoas deixaram de entender para que serve um envelope?

Nesta semana, pedi para uma pessoa deixar um documento para mim na portaria do meu prédio. Tratava-se de uma transação comercial, e a pessoa, sem a menor preocupação com discrição, deixou o envelope aberto. Claro que não se tratava de nenhuma quantia de mega sena, mas custava grampear ou colar o envelope? Precisava deixar o documento, que falava de dinheiro totalmente exposto para que qualquer pessoa na portaria consultasse?

Bom, muitas vezes algo ruim, consegue ficar pior. Fiz o check up anual. Pedi que os exames fossem entregues na minha residência. Para minha surpresa, ao chegar em casa hoje, e receber o envelope das mãos do porteiro, constava na parte de fora do envelope um protocolo de entrega: seguem os resultados dos exames relacionados abaixo:
- colpocitologia oncotica, avaliação fisiátrica, papanicolau, etc, etc, etc.

Fiquei contente de lembrar-me que estamos em plena copa do mundo, e talvez os porteiros estejam ocupados demais para perderem tempo vendo este tipo de correspondência bem interessante que tem chegado para mim nos últimos 3 dias, mas algo me diz que entre um jogo e outro, alguma olhadela houve, porque hoje o zelador me olhou com uma cara de quem estava muito preocupado com a calcificação inespecífica no meu fígado...

domingo, 13 de junho de 2010

Quem procura, acha

Aprendi que olhar gavetas alheias nunca é uma boa idéia.
Na hipótese menos nociva, a única coisa encontrada é um exemplar da bíblia nos hotéis.
Na gaveta do meu criado-mudo há muitos anos tem sempre as mesmas coisas: o espelhinho verde e a pinça de sombrancelhas, uma caneta para marcar as partes preferidas do livro que eu estiver lendo; termômetro e papel higiênico para as fases de gripe. Simples assim, mas o espelhinho verde, já muito velho, pode causar uma péssima impressão.
Em gavetas alheias, evito olhar, mas às vezes, é inevitável.
E eis que alguém foi olhar na gaveta da casa de outra pessoa e encontrou uma receita médica de como tratar hematomas! É verídico. A receita sugeria alguns cremes para suavizar hematomas.
Se dizia o que causou os hematomas, não sei. Nem é bom imaginar...

Há alguns anos, quando eu mudei de trabalho, comecei a ficar cheia de manchas roxas pelo corpo. Fiquei preocupada e fui orientada a fazer um exame de coagulação. Deu tudo normal. As manchas continuavam a aparecer, nas duas pernas. Demorou 2 semanas para eu descobrir que estava me batendo no mobiliário da empresa, sem perceber. Mudando algumas coisas de posição, nenhuma mancha nova apareceu.
Se eu tivesse uma receita médica para eliminar manchas roxas, o médico deveria ter sido bem específico: menos estabanamento.
Difícil seria seguir as ordens médicas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tranca

Achei este texto que escrevi ha uns 2 anos...na epoca das tranqueiras, grupo de amigas que se reuniam para jogar tranca.


No meio de devaneios, pensei no jogo de tranca e nas semelhanças que tem com a vida.

Quantas vezes a gente posterga uma decisão porque acha que ainda não é o momento certo?
Estragar um jogo e bater ou esperar um pouco mais? E quando a gente aposta nossas fichas em bater, que, na verdade, significa um novo recomeço, com cartas novas na mão, e na verdade o morto vem piorar o que esperávamos melhorar…

E o que dizer das vezes que a gente conta com o nosso parceiro, acha que se nossa mão não tem nada, o parceiro tem quase que o dever de nos tirar daquela enrascada, e nem sabemos o que está se passando na mente, digo, na mão do parceiro…
E quando o parceiro faz a maior burrada, a gente tem vontade de xingar, mas temos que nos lembrar, que vez ou outra, a gente também se distrai, e também é sujeito de burradas enormes…
E quando a gente deposita nossas esperanças na sorte, acha que no fim tudo dá certo, e se dá mal…
E as vezes que a gente fica na maior dúvida do que fazer com um coringa que aparece nas nossas vidas…
Onde e quando é melhor usar um coringa… Será que virão outros…
O que mais me intriga é a canastra real… Quantas vezes somos agraciados na vida por ela… A combinação perfeita de sete cartas, sequenciais, é quase que uma benção da estatística nas mãos de uma jogadora.
E a combinação perfeita de pessoas legais em volta de uma mesa…
Esta não depende de estatística nenhuma, e sim da nossa disposição em estarmos juntas sempre que possível…

terça-feira, 1 de junho de 2010

Drogas

Meu posicionamento com relação às drogas sempre foi muito claro: sou contra as ilícitas e a-do-ro as lícitas. Sim, uma simples bula faz toda a diferença para mim.
Na semana passada em um momento de tráfico de drogas me livrei de um monte de remédios que tinha em casa e não usava. Foram para doação.

E hoje, achei 3 caixinhas de um remédio chinês que uma médica e acupunturista me indicou uma vez. Eu sei que parece mentira, mas o nome do remédio é: "chuan xiong cha tiao san". Apesar do nome, não veio da terra do tio sam.

Trata-se de uma medicação indicada para a enxaqueca, que eu tive em 2008. Na ocasião, a médica indicou que eu tomasse 6 comprimidos por vez, 4 vezes por dia! 24 comprimidos por dia. Após 3 dias, larguei o tratamento. Eu não tinha tempo livre para isto. Contas os comprimidos não estava aliviando minha dor de cabeça.

Hoje, estes 3 potinhos vão para o lixo.
Abaixo, coloco um link da internet que não me deixa mentir que a medicação com este nome existe de fato.

Chuan Xiong Cha Tiao San | ChineseMedicineTools.com: Chinese ... - [ Traduzir esta página ]
Natural Herbal Formulas That Release Exterior Disorders With Head and Neck SymptomsChuan Xiong Cha Tiao SanLigusticum Chuan Xiong Powder to be Taken w...
www.chinesemedicinetools.com/.../chuan-xiong-cha-tiao-san?... - Em cache

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Fogão subiu

Caminhando pelo Rio de Janeiro pela manhã, domingo de sol, me deparo com a seguinte manchete de jornal: Fogão subiu.
Manchete concisa, bastante auto-explicativa, eu penso.
E concluo: poxa, se o fogão subiu, é sinal de que a inflação está de volta. Vai tudo aumentar: a geladeira (aquela que eu acabei não comprando), todos os eletrodomésticos, serviços, etc. Muito rapidamente, uma infinidade de pensamentos se formam: me lembro de quando era criança, governo Sarney, inflação astronômica, vários carrinhos de supermercado no dia do recebimento do salário, overnight, entre outros.
Desde que comecei a trabalhar e ganhar meu dinheiro, nunca convivi com inflação de verdade. Penso: será que vou ter que incorporar isto na minha vida?
No Zimbabwe, comprei um cheeseburguer e um refrigerante e paguei uma conta de 1 milhão de zim dólares. Oh não! será o prenúncio destes tempos voltando ao Brasil?
E eis que olhando mais detalhadamente... o jornal chama-se Lance... epa! algo diferente aí... estou no Rio de Janeiro... o jornal é de futebol... pesadelo suspenso... O Fogão é o Botafogo! Subiu na pontuação do campeonato!Tudo na normalidade nas Casas Bahia!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

São Pedrinho

Dar nome aos bois não é fácil, mas dar nome às coisas é ainda mais díficil.
Algumas vezes participei, sériamente ou de brincadeira de conversas para ajudar amigos a batizarem empresas ou projetos.
Me lembro bem de uma vez, num restaurante com dois amigos, ficamos algum tempo tentando ajudar a amiga de um deles a definir o nome de um restaurante que ela ia abrir. Não chegamos a conclusão nenhuma, mas batizei um projeto do trabalho naquele dia com as sugestões. Desnecessário dizer que o projeto (de recursos humanos) nada tinha a ver com gastronomia.
Outra vez, um grande amigo, me ajudou a batizar este blog, lembrando que esta é uma das frases que eu mais falo, dada a minha conhecida intolerância a lerdeza humana.

Uma outra vez, fui convidada por uma amiga, para me juntar a um grupo de umas 10 pessoas, todos munidos com diferentes dicionários (inglês, mitologia, latim, entre outros) e vinho com o objetivo de escolher o nome da empresa dela. Lá pelas tantas, chegamos a 4 finalistas.

Fui sempre mal sucedida em palpitar nos nomes dos filhos dos amigos. Nada de surpreendente uma vez que eu sempre disse que se um dia tivesse uma filha, gostaria que ela se chamasse Isolda, homenagem a Isolda das mãos brancas, personagem frágil e fortíssima que tanto gosto na literatura.

E hoje novamente estou opinando na escolha de um nome para a empresa de uma grande amiga. Não está fácil. Em conversa com ela hoje, ela me disse: às vezes a gente simplesmente se acostuma com o nome, e ele torna-se natural. Concordo. Isto acontece.
A gente fica tentando relacionar a atividade a algum nome de grande impacto, e às vezes, um simples nome de fato torna-se super natural.

Me lembrei do livro do Saramago: Todos os nomes, e do personagem (cujo nome não me lembro, José, talvez) que trabalha em um cartório de nomes.

Curiosamente hoje peguei uma indicação com uma vizinha sobre um fornecedor para fazer um suporte de vidro para minha casa e o nome do estabelecimento era simplesmente: São Pedrinho!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Geladeira dada não se olha os dentes

A geladeira da minha casa quebrou. Um amigo me deu a geladeira dele, semi novinha, que estava sobrando na casa dele, mas ela é um pouco pequena. Mais ou menos do meu tamanho, quase nao cabiam meus imas na porta.

Fui ver preço e modelo de geladeira nova.
Fiquei impressionada com a variedade e incomodada com algumas coisas.

Tem geladeira com compartimento para tudo! Gavetinha para coisas light, lugar para latinhas, para frutas, para cada item. Sou contra! Sou a favor da democracia da geladeira, com direito a criatividade e a capacidade de empilhar coisas. Sou a favor do risco de abrir a geladeira e algo cair. E sou a favor de procurar lá no fundo onde estão as coisas e ser surpreendida por alimentos ou superbonder esquecidos há muito tempo.

O que me deixou atônita foi ver na loja uma geladeira com piloto automático! Como assim? Onde a geladeira pensa que vai? Será que se der fome no meio da noite e eu chamá-la ela virá sozinha até o quarto? Será que ela fará balisa entre o fogão e máquina de lavar? Será que o piloto automático pilota o fogão?

Sei não, considerando que quase nunca tem nada para comer na minha casa, que a maior parte do tempo um frigobar seria suficiente, que geladeira dada não se olham os dentes (nem os de alho), resolvi ficar com esta mesma por enquanto.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nuvem negra


Uma vez, numa viagem, vi uma exposicao chamada: A terra vista de cima. Eram fotos maravilhosas tiradas por um fotografo que sobrevoou o mundo todo.
Fiquei tão impressionada que comprei o livro, e folhando cuidadosamente mais tarde, percebi que as fotos mais lindas, tinham sido tiradas na Islândia.
Em uma outra viagem, passando um frio descomunal em uma trilha, conheci um islandês que estava de camiseta de manga curta. Eu estava congelando e ele, vindo de Iceland, estava provavelmente curtindo um verãozinho frente ao vento patagônico.

Até a crise financeira do ano passado, estas eram basicamente as ocasiões que eu tinha ouvido falar da Islândia, mas que foram suficientes para despertar meu interesse de ir conhecer. E eis que em novembro do ano passado marquei uma viagem para lá, para junho deste ano. No entanto, planos coletivos tornaram-se individuais, e achei que não era o lugar para ir sola.

Bom, se eu não acreditava em sinais divinos, parece que o quase fim dos tempos que a Islândia está causando na Europa nos últimos dias, me diz para pelo menos duvidar um pouquinho...

E, se apesar de todas as cinzas, o fotógrafo do helicoptero pudesse fotografar a Islândia neste momento, eu tenho certeza que seriam as fotos mais maravilhosas do livro dele, porque às vezes a nuvem negra tem seu propósito e as cinzas servem para nos fazer ver que o mundo não é preto e branco.

"Earth from above" - Yann Arthus-Bertrand

domingo, 21 de março de 2010

Com açúcar e com afeto

minha grande amiga me trouxe meu doce predileto...
Uma delicia! Ovos e côco e muito, muito açúcar. Caiu como uma luva para adoçar um domingo um pouco amargo.

Outros grandes momentos do fim de semana: início, meio e fim de puzzle da grow;
Momento lost: vi um onibus soltando uma fumaça preta igualzinha a do Lost. A fumaça provavelmente deve ser tão ou mais letal que a do lost. Só que não escolhe quem vai atacar. Eu não estava no Oceanic 815 e levei uma baforada em plena rua. E a fumaça foi caminhando como se tivesse vida própria pela Dr. Arnaldo.

Desisti de assistir Budapeste. Tentei 2 vezes. Tem coisas que não adianta ficar tentando, insistindo, simplesmente não vai. O botão do stop do controle remoto deveria existir em nós também.
Bom, talvez seja possível substituí-lo por um pouco de vinho.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Na verdade eu sou assim

Em 1998, fui a um show do Tim Maia e ele também foi! Que sorte! Foi exatamente como eu esperava, grande atraso, ele completamente zureta, reclamando do som o tempo todo, e tocando todas as musicas que eu adorava. Alguns meses depois ele morreu.
Perdi alguns shows que gostaria muito de ter ido: Raul Seixas, Vinicius de Morais , Queen e Paul McCartney (este último preteri por ser concomitante com a minha festa de formatura da escola).
Esta semana fui ao show do Ney Matogrosso. Estava super animada, fazia tempo que não ia a um show, pensei que chegaria lá e o encontraria semi nu, cheio de plumas e penas cantando os sucessos da época dos Secos e Molhados, outros do Chico, Cazuza, bem performatico, etc.
O Ney Matogrosso e o Tim Maia são dois cantores que tem o poder de me fazer ficar feliz ou triste quase que instantaneamente.
Posso ter ganho na megasena, mas se ouvir um baladinha de um destes dois, me emociona na hora. Posso estar muito triste, mas se ouvir uma das músicas mais agitadas deles, sorrio na hora. Descobridor dos 7 mares é um exemplo disto. Pois bem cheguei, quero ficar bem a vontade, na verdade eu sou assim...
O show foi o avesso da expectativa. Eis que ele fez um show totalmente intinimista, somente com músicas muito lentas, e meio triste. Fiquei o tempo esperando ocorrer uma explosão mais alegre, e nada. O ponto mais animado, foi quando ele tocou Fascinação, que convenhamos, léguas de ser animada. Os sonhos mais lindos, sonhei com você... Bom, daí para a nostalgia foi um pulinho lépido. Fiquei lembrando da primeira vez que fui nesta casa de show, quando ainda chamava-se Palace e assisti pela primeira vez a um show do Chico. Era o Paratodos. Que lindo que foi!
E para terminar, a musica que ele não cantou, mas que é minha trilha sonora neste momento.
Que falta me faz um xodó. Mas como eu não tenho ninguém, eu levo a vida assim tão só...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Briga no supermercado

Ir ao supermercado não é das tarefas que eu gosto. Aliás, por isto, considero tarefa.
Hoje fui.
E presenciei uma briga.
Estava na fila preferencial para idosos ou menos de 10 volumes. (Eu tinha menos de 10 volumes, os de sempre: iogurte, requeijão, frutas, torrada, e só).
A mulher atrás de mim, implicou com a família que estava na minha frente na fila. Não percebeu que estavam com um idoso a tiracolo. Ficou insinuando que tinham que mudar de fila. O idoso se aborreceu e deu-lhe uma: isto é uma família, meus 2 filhos estão comigo, nos fazemos compras juntos e fazemos as refeiçoes juntos.
Não satisfeita, a mulher ainda ironizou: "mas é o pai que paga a conta...". Eis que a filha do idoso, com toda a razão, deu-lhe uma: "o que a senhora tem a ver com isto? não sabe quem paga o que, tá se metendo por que?". Enfim, um barraco na fila.

Este post foi meia boca, mas é só um ensaio para voltar de vez. Mais de 2 meses enferrujada.